segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

YANSÃ

IANSÃ, A DEUSA DOS VENTOS

Senhora da Tarde, Dona dos Espíritos. Senhora

dos Raios e das Tempestades. Oyá, mais

conhecida no Brasil como Yansã, foi uma

princesa real na cidade de Irá, na Nigéria

em 1450a.C.. Sobrinha-neta do rei Elempe

e neta de Torossi(mãe de Xangô), conquistou

com valentia, coragem e dedicação seu

caminho para o trono de Oyó. Conhecedora

de todos os meandros da magia encantada,

nunca se deixou abater por guerras, problemas e disputas.

Foi mulher de seu primo Xangô e ajudou-o a

conquistar vários reinos anexados ao Império

Yorubano. Porém, abandonou-o em defesa

de sua cidade natal, disposta a enfrentá-lo.

Oyá é a menina dos olhos de Oxalá, seu

protetor, e a única divindade que entra

no Ibalé dos Eguns(mortos). Na Bahia é

sincretizada com Santa Bárbara.

Divindade ctoniana, Iansã tem ligações

com o mundo subterrâneo, onde habitam os

mortos, sendo o único orixá capaz de

enfrentar os eguns. Entre as dezessete

individuações da multifária Iansã, uma

delas é como Deusa dos Cemitérios.

Além do contato com os mortos, Iansã também

favorece a fecundidade, atributo inerente aos

deuses ctonianos. Deusa das tempestades,

contribui para a fertilidade do solo. Divindade

eólica, sopram os ventos que afastam as nuvens,

para a passagem dos raios desferidos por Xangô.

E é o raio que abre os reservatórios do céu,

para fazer cair a chuva, relação comum em todas as mitologias.

Nossa amada mãe Iansã possui vinte e

uma Iansãs intermediárias,

que são assim distribuídas:

Sete atuam junto aos pólos magnéticos

irradiantes e auxiliam os orixás regentes

dos pólos positivos, onde entram como

aplicadoras da Lei segundo os princípios

da Justiça Divina, recorrendo aos aspectos

positivos da Orixá planetária Iansã.

Sete atuam junto aos pólos magnéticos

absorventes e auxiliam os orixás regentes

dos pólos negativos, onde entram como

aplicadoras da Lei segundo seus princípios,

recorrendo aos aspectos negativos

da orixá planetária Iansã.

Sete atuam nas faixas neutras das dimensões

planetárias, onde, regidas pelos princípios da

Lei, ou direcionam os seres para as faixas

vibratórias positivas ou os direcionam

para as faixas negativas.

Enfim, são vinte e uma orixás lansãs

intermediárias aplicadoras da

Lei nas Sete Linhas de Umbanda.

Como seus campos preferenciais de atuação

são os religiosos, não é de se estranhar que

nossa amada mãe Iansã intermediária

para a linha da Fé nos campos do Tempo

seja confundida com a própria OYá, já

que é ela quem envia ao tempo os eguns

fora-da-Lei no campo da religiosidade.



Iansã do Tempo, não tenham dúvidas, tem

um vasto campo de ação e colhe os espíritos

desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os

ao Tempo onde serão esgotados. Mas,

não tenham dúvidas, antes ela tenta

reequilibrá-los e redirecioná-los, só

optando por enviá-los a um campo onde

o magnetismo os esvazia quando vê que um

esgotamento total em todos os sete sentidos

é necessário. E isto o Tempo faz muito bem!

Já Iansã Bale, do Bale, ou das Almas, é

outra intermediária de nossa mãe maior

lansã que é muito solicitada e muito conhecida,

porque atua preferencialmente sobre os

espíritos que desvirtuam os princípios da

Lei que dão sustentação à vida e, como vida

é geração e Omulu atua no pólo negativo

da linha da Geração, então ela envia aos

domínios de Tatá Omulu todos os

espíritos que atentaram contra a vida de

seus semelhantes ao desvirtuarem os

princípios da Lei e da Justiça Divina.

Logo, seu campo escuro localiza-se nos

domínios do orixá Omulu, que rege

sobre o lado de "baixo" do campo santo.



Mas também são muito conhecidas as lansãs

intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios,

do Mar, das Cachoeiras e dos Ventos

(Iansã pura). As outras assumem os nomes

dos elementos que lhes chegam através das

irradiações inclinadas dos outros orixás,

quando surgem as Iansãs irradiantes

e multicoloridas. Temos:

1 Iansã do Ar.
1 Iansã Cristalina.
1 Iansã Mineral.
1 Iansã Vegetal.
1 Iansã Ígnea.
1 Iansã Telúrica.
1 Iansã Aquática.

AS FILHAS DE IANSÃ

Iansã é uma Deusa ligada à manifestação

do feminino na fase crescente, trazendo em si

a qualidade do movimento. Une passado com

o futuro, o lado sombrio da Lua com o lado

iluminado, que anuncia um novo começo.

Iansã está ligada com o número 9, que é o movimento puro.

As filhas de Iansã são mulheres audaciosas,

poderosas, autoritárias e dinâmicas. Estão sempre

procurando algo para se ocupar, são cheias de

iniciativa e determinação. São mulheres que

nunca passam despercebidas, pois são

combativas, teimosas e temperamentais,

mas também podem ser doces e meigas,

quando possuem interesse em seduzir algum homem.

A mulher-Iansã é o tipo de mulher que

está mais voltada para o amor sensual do

que para o amor maternal. Ama os filhos,

mas consegue maior expressão quando se

sente admirada e desejada por um homem,

o que geralmente provoca o ciúme e a inveja das outras mulheres.

É também uma mulher que está ligada ao passado,

ao coletivo, pela origem comum da necessidade

fertilizadora do feminino e está ligada ao futuro

pela necessidade de diferenciação, que a tirará

do coletivo e a jogará sempre para frente, para

o novo. É inconformada e inquieta, está voltada

para o impulso de empreender coisas, de realizar

seu poder criativo. A atualização dessa força

criadora dependerá da forma como ela direcionar

esta energia, que muitas vezes pode ser desviada

para outros fins, ou ser esvaziada.

O perigo é permitir que as barreiras

sociais a entravem, desviando a energia

criativa para a neurose.E, a neurose é parada

de movimento. Todo aquele que se recusa a

viver o futuro, apegando-se ao passado, estagna.

A mulher que sente impulso para criar,

para dar significado ao seu mundo, precisa ser

fiel aos seus conteúdos internos, à Deusa dentro de si.

O ato criativo é o processo de se arriscar, de se jogar

no desconhecido, de mergulho nas fontes fertilizadoras,

da viagem interna em busca da essência das coisas.

O desejo de criar move o contato com o informe

pela necessidade de dar forma, de arrancar da

terra coisas vitais para alimentar a consciência

A LENDA

Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias.

De repente, um búfalo veio em sua direção

rápido como um relâmpago; notando algo

de diferente no animal, Ogum tratou de

segui-lo. O búfalo parou em cima de um

formigueiro, baixou a cabeça e despiu

sua pele, transformando-se numa linda mulher.

Era Iansã, coberta por belos panos coloridos

e braceletes de cobre.
Iansã fez da pele uma trouxa, colocou os chifres

dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo

em direção ao mercado, sem perceber que

Ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi,

Ogum se apoderou da trouxa, guardando-a

em seu celeiro. Depois foi a cidade, e

passou a seguir a mulher ate que criou

coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda

mulher bonita, ela recusou a corte.


Quando anoiteceu ela voltou à floresta e,

para sua surpresa, não encontrou a trouxa.

Tornou à cidade e encontrou Ogum, que lhe

disse estar com ele o que procurava.

Em troca de seu segredo ( pois ele sabia

que ela não era uma mulher e sim animal ),

Iansã foi obrigada a se casar com ele; apesar

disso, conseguiu estabelecer certas regras

de conduta, dentre as quais proibi-lo de

comentar o assunto com qualquer pessoa.
Chegando em casa, Ogum explicou suas

outras esposas que Iansã iria morar

com ele e que em hipótese alguma

deveriam insultá-la. Tudo corria bem;

enquanto Ogum saía para trabalhar,

Iansã passava o dia procurando sua trouxa.


Desse casamento nasceram nove crianças,

o que despertou ciúmes das outras esposas,

que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se,

conseguiu embriagar Ogum e ele acabou relatando

o mistério que envolvia Iansã. Depois que Ogum

dormiu as mulheres foram insulta-las,

dizendo que ela era um animal e revelando

que sua trouxa estava escondida no celeiro.

Iansã encontrou então sua pele e seus chifres.

Assumiu a forma de búfalo e partiu para

cima de todos, poupando apenas seus filhos.

Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu

que os filhos a acompanhassem, porque era

um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres

e orientou-os para, em caso de perigo bater

as duas pontas; com esse sinal ela iria

socorrê-los imediatamente. E por esse

motivo que os chifres estão presentes nos

assentamentos de Iansã.

Suas cores: vermelho, branco e coral

Saudação : Eparrei!

Seu dia : Quarta-feira

Comida predileta: acarajé, milho temperado

com camarão e azeite de dendê.

Animais de sacrifício: o carneiro, o pato e a galinha.

Frutas: manga rosa, uvas, pêra, maçã morango,

melão laranja, banana, figo, ameixas, romã, grosselha,

pêssego, pitanga, framboesa e cajá.

Onde recebe oferendas: nas cachoeiras.

Plantas: sensitiva, espada de Iansã (borda amarela),

bambu, periquitinho.

Bebida: champanha.

Elemento: fogo,

O que faz: dá coragem e impulsividade; protege

contra desastres e acidentes.

Festa: 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara, com quem

está identificada.

Pedras: rubi, coral, granada.

Perfumes: verbena, drástico vermelho, violeta,

madeira, Shoking de Skiaparelli.

CANTO

Oi, Iansã, menina dos cabelos loiros
Onde é a sua morada?
É na mina de ouro

Minha Santa Bárbara
Virgem da Coroa
Pelo amor de Deus, Santa Bárbara,
Não me deixe à toa
Minha Santa Bárbara
Virgem da Coroa
A Coroa é dela Xangô
É da pedra de ouro

Iansã tem um leque de penas
Pra abanar em dia de calor
Iansã tem um leque de penas
Pra abanar em dia de calor
Iansã mora nas pedreiras
Eu quero ver meu pai Xangô
Iansã mora nas pedreiras
Eu quero ver meu pai Xangô

Santa guerreira que ao meu lado caminha
Com sua espada de ouro e sua taça na mão
És para mim toda beleza, venero sua beleza
Guardo-a em meu coração, quando ela roda
Sua saia irradia, Deusa da Ventania
É a Rainha Trovão com meu Pai Xangô
Iansã fez a morada, ela roda ua saia
No romper da madrugada
Eparrei Ioiá
Saravá Iansã, ela é Rainha, é Orixá

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