terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O Animismo

Questão que sempre gerou confusão entre os médiuns, principalmente os iniciantes, o animismo sempre foi visto como uma ocorrência negativa, uma falha do médium. Cabe-nos, portanto lançar um olhar mais profundo sobre o tema visando esclarecer o assunto.

Desde dos primeiros passos do estudo psico-espiritual que este tema vem sendo analisado. No século passado o sábio russo Alexander Aksakof fez uma das primeiras classificações dos fenômenos mediúnicos, dividindo-os em três categorias:

1. “Fenômenos explicáveis unicamente pelas funções clássicas da subconsciência (pré-consciência) e que, portanto, se situam nos domínios da psicologia - personismo (Aksakof), fenômenos subliminais (Myers), automatismo psicológico (Janet).”

2. Fenômenos explicáveis pelo que hoje denominamos funções Psi ou, como diziam os metapsiquistas: ”as faculdades supranormais da subconsciência”.

3. “Fenômenos de personismo e de animismo na aparência, porém reconhecem uma causa extra-mediúnica, supraterrestre, isto é, fora da esfera de nossa existência”.

O animismo, segundo a classificação de Aksakof, estaria enquadrada no segundo item, caracterizando-se como manifestação do campo da parapsicologia. No primeiro item estariam as manifestações psicológicas e no último os fenômenos mediúnicos propriamente ditos.

Dentro do conceito espírita, podemos definir animismo sobre dois prismas. O primeiro, segundo a definição de Martins Peralva:

“Animismo é o fenômeno pelo qual a pessoa arroja ao passado os próprios sentimentos, ”, o segundo, na definição de Richard Simonetti: “é algo da alma do próprio médium interferindo no intercâmbio”. Ambas as definições estão corretas, diferindo apenas no grau de interferência do espírito do médium.

E também em ambos os casos, é importante lembrar que quando nos referimos à interferência, falamos de ação não voluntária, portanto não devemos confundir com mistificação onde há a intenção de enganar. Esta interferência muitas vezes é tão sutil que se torna complexo o trabalho de distinguir a origem da comunicação. Isto se deve ao fato de que tanto encarnados quanto desencarnados “respiram” em semelhante ambiente evolutivo, pois se assim não fosse o intercâmbio entre os dois planos seria impossível.

Para facilitar nossa exposição e atendendo a questões didáticas, vamos distinguir dois grupos de comunicações espirituais:

· Fator Anímico –É aquele em que o médium, involuntariamente, transmite comunicações da própria alma;

· Fator Espíritico – são os mediúnicos, propriamente ditos, onde o médium recebe comunicações de espíritos desencarnados;

Lembremos que, embora no animismo não exista comunicação externa, ainda assim não deixa de ser um espírito que se comunica, e este está necessitando de auxílio, portanto cabe ao dirigente da reunião mediúnica usar de todo carinho fraterno para ajudar aquele espírito.

Conforme nos relata André Luiz, na obra Nos domínios da Mediunidade: “Sem dúvida em tais momentos, é alguém que volta do pretérito a comunicar-se com o presente, porque, ao influxo das recordações penosas de que se vê assaltada, centraliza todos os seus recursos mnemônicos tão somente no ponto nevrálgico em que viciou o pensamento. ... para nós, é uma enferma espiritual, uma consciência torturada, exigindo amparo moral e cultural para a renovação íntima, única base sólida que lhe assegurará o reajustamento definitivo.”

Também é preciso cuidado do doutrinador na hora de classificar uma comunicação de anímica, para está análise recorremos a Kardec no Livro dos Médiuns, capítulo XIX, questão 223 § 3 :

"Como distinguir se o Espírito que responde é o do médium ou se é outro Espírito?
- Pela natureza das comunicações. Estuda as circunstâncias e a linguagem e distinguirás".

Normalmente o fator causador do animismo é a fixação mental, ou seja, pessoas, fatos, objetos ou situações nos quais fixamos nosso pensamento, devotando-lhes grande atenção, isto faz com que guardemos vínculos que podem perdurar durante longo tempo e gerar desequilíbrios que precisam ser sanados e fazem com que o espírito do médium - assim como qualquer outro espírito em desarmonia - precise de ajuda e recorra aos grupos mediúnicos quando tem a oportunidade.

No caso do animismo em médiuns principiantes, este fenômeno é natural e esperado, em face da pouca experiência dos mesmos, o estudo aliado à continuidade do trabalho no grupo fará com que o iniciante adquira mais segurança e controle de sua mediunidade, solucionando este obstáculo.

Como pudemos verificar, não há razão para o preconceito quanto ao animismo, ele é uma manifestação espiritual autêntica e deve ser tratado como tal, cabendo, entretanto aos médiuns, superar o estágio do animismo, através do devotamento ao estudo, juntamente com o incessante esforço de disciplina moral, pois nenhum médium conseguirá realizar adequadamente o mandato mediúnico se perseverar na ignorância, na mistificação, no animismo e se olvidar o esforço próprio dirigido à sua ascensão espiritual.

BEIJINHOS

Aksakof, Alexander. Animismo e Espiritismo. (1985) FEB.

Luiz, André. Nos Domínios da Mediunidade. (2002) FEB.

Luiz, André. Mecanismos da Mediunidade. (2002) FEB.

Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. (1999). LAKE.

Peralva, Martins. Estudando a Mediunidade. (1987) FEB.

Simonetti, Richard. Mediunidade – Tudo o que você precisa saber. (2003). CEAC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário