segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

OXUM

OXUM

A VÊNUS MULATA BRASILEIRA

Oh, deixe-me deliciá-la

com minha beleza

de modo que o olho possa dançar de alegria

deixe-me seduzi-la com perfumes

para que você inspire prazer

deixe-me excitar seu paladar

até sua língua tremer

deixe-me acariciá-la com um som

que faça seus ouvidos zunirem

deixe-me tocar o seu corpo

com a música da cachoeira

e adornar sua beleza com

braceletes dourados e mel e perfume

e quando estiver tudo feito

quando todos os seus sentidos tiverem sido despertados

quando seu espírito celeste se unir de modo jubiloso

com seu corpo terrestre

então você conhecerá a sensualidade.

OXUM, a Deusa abrasileirada da

macumba e das águas

(rios, riachos, cachoeiras, fontes),

é conhecida por seu amor por

tudo que é belo. Ela gosta de

se enfeitar, especialmente com

as cores amarela e dourada.

Gosta de ritos em ambientes

aquáticos, que incluam homenagens

com mel e dinheiro (moedas de cobre).

Seu colar de búzios simboliza seu

conhecimento e poder de adivinhação.

Esta Deusa, viveu intensamente

os papéis de filha, amante e mãe.

De menina-moça faceira, passando

pela mulher irresistível até a senhora

protetora, Oxum é sempre dona de

uma personalidade forte, que não

aceita ser relegada a segundo plano,

afirmando-se em todas circunstâncias

da vida. Com seus atributos, ela dribla

os obstáculos para satisfazer seus desejos.

A Deusa-amante ataca as concorrentes,

para que não roubem sua cena,

pois ela deve ser a única capaz de

centralizar as atenções.

Na arte da sedução não pode haver

ninguém superior a Oxum.

No entanto ela se entrega por completo

quando perdidamente apaixonada,

afinal o romantismo é outra marca sua.

Da África tribal à sociedade urbana

brasileira, a Deusa que dança nos

terreiros de espelho em punho para

refletir sua beleza estonteante é tão

amada quanto a Divina Mãe que

concede a valiosa fertilidade e se

doa por seus filhos. Por todos seus

atributos a belíssima Oxum não poderia

ser menos admirada e amada, não

por acaso a cor dela é o reluzente

amarelo ouro, pois como cantou

Caetano Veloso, “gente é pra brilhar”.

O arquétipo de Oxum é o das mulheres

graciosas, com paixão pelas jóias,

perfumes e vestimentas caras.

Estas mulheres são símbolos do

charme e da beleza, pois carregam

o dom especial de sua Deusa.

Elas andam e dançam dos modos

mais excitantes e provocantes.

No seu caminhar está o fluxo do rio.

Ninguém consegue escapar de seus encantos.

Oxum é a Senhora da fertilidade,

da gestação e do parto, cuida dos

recém-nascidos, lavando-os com

suas águas e folhas refrescante.

Jovem e bela mãe, mantém suas

características de adolescente.

Cheia de paixão, busca

ardorosamente o prazer.

Vaidosa, é a mais bela das divindades

e a própria malícia da mulher-menina.

É sensual consciente de sua rara beleza

e se utiliza desses atributos com jeito

e carinho para seduzir as pessoas e

conseguir seus objetivos.

Com Oxóssi, vive seus momentos mais felizes.

Oxum é um dos orixás de maior

força no Brasil e contradiz as

tradições africanas que exaltam

mais os poderes dos orixás masculinos.

Todos seus filhos são atrativos e

têm facilidade para formar famílias

unidas. Diplomáticos e cuidadosos,

medem muito bem o que falam e

evitam os atritos frontais, sempre

tratando de seus interesses com cuidado e sutileza.

Ela está sincretizada por

Nossa Senhora da Conceição

Seu dia é 8 de Dezembro.

Seu símbolo é um seixo polido pelas

águas dos rios, pequenos espelhos

ou um abano decorado com o

desenho de uma sereia. Seu apetrecho,

é de louça aporcelanada, um hidé,

três conchas dilonga, quartinha e branca.

Suas filhas usam colar de latão amarelo-ouro,

pulseiras largas, cores douradas.

Elas andam e dançam dos modos

mais provocantes e excitantes.

No caminhar está o fluxo rio.

ARQUÉTIPO DO AMOR-GUERREIRO

Oxum, corresponde ao arquétipo

grega Afrodite e como ela é um "Sol Glorioso"

que permanece brilhando em

nossa cultura. Ser abençoada por

Oxum significa que a mulher sentirá

plenamente à vontade com sua

sexualidade e cultivará a vaidade

e a beleza como atributos femininos

cheios de poderes.

É através de seu espelho de duas

faces que Oxum toma

consciência de sua sensualidade.

Ao ver sua imagem refletida, a

consciência de si nasce. Entretanto,

o espelho serve também, de escudo

e arma que pode cegar ou

aprisionar com seu reflexo.

Oxum, como Afrodite, usa seus

atributos femininos para conquistar

os homens, mas as mulheres que

possuem o arquétipo de Oxum

muito ativo, são volúveis e inconstantes

e gostam de estar sempre atrás

de coisas novas e imprevistas.

Como a Deusa, a mulher-Oxum

não gosta de criar raízes, pois vê a vida

como uma aventura, preferencialmente

com um final romântico. Escolherá

sempre homens sofisticados,

instruídos e com bom saldo no

cartão de crédito, pois ela adora

roupas finas, cabelos esvoaçantes,

jóias e muitos adornos.

Mas, acima de tudo, em todos os

seus relacionamentos,

a mulher-Oxum coloca o "coração".

Sua beleza física e interior pode ser

um passaporte para muitos mundos,

mas também sobrevém-lhe uma

palpável alienação. Uma vez que muitos

homens a desejarão pela beleza física e

as mulheres a odiarão pelo mesmo

motivo, muitas vezes a mulher-Oxum

poderá duvidar do seu real valor.

Graças ao seu talento em manobrar

os sentimentos e os projetos criativos

no homem, a mulher-Oxum pode

despertar o "anima" (princípios femininos)

do homem. Quando o homem começa

a entrar em contato com

a sua "anima", a mulher-Oxum

passará a ser sua musa inspiradora,

ajudando-o com novas idéias e trabalho criativo.

A Deusa-Oxum herdou ainda, as

qualidades guerreiras da Deusa

grega Ártemis, qualidades essas,

possivelmente decorrentes do meio

em que vivia e de ter sido casada

com um Deus da Floresta e da Caça,

com quem teve um filho. Como

Deusa-Guerreira, Oxum protege

os rebentos dos animais e as crianças humanas.

Como guerreira, Oxum desenvolve seus

princípios masculinos "animus", despertando-lhe

um amor intenso pela liberdade, pela

independência e autonomia. Oxum

passa então a ser "A Bela que é Fera",

pois brigará e lutará para preservar sua

liberdade. Engolindo suas lágrimas,

ela seduzirá seus adversários,

planejando vinganças pelas humilhações

que lhe fizeram passar.

A energia arquetípica da associação

Ártemis-Oxum fazem com que as mulheres

se sintam perpetuamente jovens,

não permitindo que percorram o caminho

que as conduzirão à maturidade.

Esse é um período importante,

pois é a essa altura da vida que nos

permitimos ajustes e adaptações.

Entretanto, a mulher Deusa Oxum,

amante da natureza e de sua liberdade

psique, terá muita dificuldade de

descobrir que ela é, se não se permitir amadurecer.

A maior chaga da mulher-Oxum é a

dor da alienação, pois muitas

vezes ela sentirá desprezo

por valores e formas da sociedade

convencional. Ela se sentirá magoada

com nossa sociedade patriarcal que

não consegue conter a ferocidade

de seu espírito e nem reconhecer

plenamente seus belos dotes de mulher.

Dia da Semana: Sábado

Cores: amarelo ouro. Seu número é 5

Animal: Arara

Comida: feijão fradinho com cebola

e camarão (omolocum)

Habitat: água doce, fontes,

rios, cachoeiras.

AMALÁ DE OXUM

7 velas brancas e 7 amarelo claro,

água mineral, canjica branca, fitas

amarelo claro e branca. Local de

entrega ao lado de uma cascata.


ERVAS

Erva Cidreira – Gengibre – Camomila –

Arnica –Trevo Azedo ou grande-

Chuva de Ouro – Manjericona –

Erva Sta. Maria – Gengibre – Calêndula.

ESSÊNCIAS

Angélica, jasmim, valeriana, dama

da noite, gardênia, crisântemo,

pêssego, ameixa.

Oxum é o nome de um rio em Oxogbo,

região da Nigéria. É ele considerado

a morada mítica da Orixá.

A LENDA

Diz o mito que Oxum era a mais bela

e amada filha de Oxalá. Dona de

beleza e meiguice sem iguais, a

todos seduzia pela graça e inteligência.

Oxum era também extremamente

curiosa e apaixonada. E quando certa

vez se apaixonou por um dos orixás,

quis aprender com Orunmilá, o melhor

amigo de seu pai, a ver o futuro.

Como o cargo de oluô (dono do segredo)

podia ser ocupado por uma mulher,

Orunmilá, já velho, recusou-se a

ensinar o que sabia a Oxum.

Oxum então seduziu Exu, que não pôde

resistir ao encanto de sua beleza

e pediu-lhe roubasse o jogo de ikin

(cascas de coco de dendezeiro)

de Orunmilá. Para assegurar seu

empreendimento Oxum partiu para

a floresta em busca das Iyami Oshorongá,

as perigosas feiticeiras africanas,

a fim pedir também a elas que a

ensinassem a ver o futuro. Como as Iyami

desejavam provocar Exu há tempos, não

ensinaram Oxum a ver o futuro, pois

sabiam que Exu já havia roubado

os segredos de Orunmilá, mas a fazer

inúmeros feitiços em troca de que a

cada um deles elas recebessem sua parte.

Tendo Exu conseguido roubar os

segredos de Orunmilá, o Deus da

adivinhação se viu obrigado a partilhar

com Oxum os segredos do oráculo

e lhe entregou os 16 búzios com que

até hoje as mulheres jogam. Oxum

representa, assim a sabedoria e o poder feminino.

Em agradecimento a Exu, Oxum

deu a Exu a honra de ser o primeiro

orixá a ser louvado no jogo de búzios,

e entrega a eles suas palavras para

que as traga aos sacerdotes. Assim,

Oxum é também a força da vidência feminina.

Mais tarde, Oxum encontrou Oxóssi

na mata e apaixonou-se por ele.

A água dos rios e floresta tiveram

então um filho, chamado Logun-Edé,

a criança mais linda, inteligente e rica que já existiu.

Apesar do seu amor por Oxóssi, numa

das longas ausências destes Oxum

foi seduzida pela beleza, os presentes

(Oxum adora presentes) e o poder de

Xangô, irmão de Oxóssi, rompendo

sua união com o Deus da floresta e

da caça. Como Xangô não aceitasse

Logun-Edé em seu palácio, Oxum

abandonou seu filho, usando como

pretexto a curiosidade do menino,

que um dia foi vê-la banhar-se no rio.

Oxum pretendia abandoná-lo sozinho

na floresta, mas o menino se esconde

sob a saia de Iansã a Deusa dos

raios que estava por perto. Oxum

deu então seu filho a Iansã e partiu

com Xangô tornando-se, a partir

de então, sua esposa predileta e

companheira cotidiana.

O CHAMADO DE OXUM

OXUM, aparece sedutoramente em

sua vida e adula você para lembrá-la

de reverenciar a sua sensualidade.

A totalidade é alimentada quando

você concentra sua atenção e seu

tempo no corpo, respeitando

e dando espaço aos sentidos e à sensualidade.

Oxum está aqui para dizer que é

hora de assumir sua sensualidade sem culpa.

Sua influência nos inspirará quando

estivermos em busca de uma atitude

mais independente em relação

ao amor, além de aumentar a nossa auto-estima.

Os rituais de banho são os que

mais nos favorecem quando

desejamos refletir profundamente

sobre um assunto sentimental.

Realize seus rituais de banho

sempre na Lua Nova ou Cheia.

BANHO DE OXUM

Ache um tempinho para cuidar de

si mesma e relaxar com o banho

de Oxum. Coloque um fundo musical

baixinho. Acenda uma vela amarela

no banheiro, de modo a tornar o ambiente

suave e agradável. Antes de entrar

no banho acrescente algumas das ervas

de Oxum e algum óleo na água

para ficar envolta em sua fragrância.

Entregue-se à sensação prazerosa do

calor da água, sentindo eliminar toda

a tensão de todos os pontos de

seu corpo, substituindo-a pela descontração

e receptividade. Boie na água,

quecendo-se no calor, no aroma e

na música. Feche os olhos e respire fundo.

Sinta o prazer! Sinta-se à vontade, sinta-se

grata pelos dons do corpo e

dos sentidos. Fique neste estado

de relaxamento o tempo que quiser.

Quando terminar o banho, passe

um óleo natural no corpo.

Sopre a vela agradecendo a Oxum.

Troque a roupa de cama e vista

uma camisola amarela para continuar

recebendo a energia da Deusa

Oxum durante toda a noite.

"Eu vi Mamãe Oxum na cachoeira

sentada na beira de um rio colhendo

lírios, lírio ê colhendo lírios, lírio

á colhendo lírios pra enfeitar nosso congá."

ORA IEIÊ Ô!!!


Bibliografia:

O Casamento do Sol com a Lua - Raïsa Cavalcante;

Editora Cultrix Ltda; SP

O Anuário da Grande Mãe - Mirella Faur

O Caminho dos Orixás - João d"Oxossi

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