Os UFOs foram avistados por milhares de pessoas, entre pilotos, controladores, meteorologistas, e tantas outras pessoas altamente qualificadas no reconhecimento de fenômenos atmosféricos, astronômicos e físicos. Foram registrados nas telas dos radares pelo mundo. Foram fotografados, filmados e seus vestígios foram mensurados. Ninguém que esteja sequer mediamente informado duvida que, no mínimo, algo estranho existe. Mas é um paradoxo: reconhecido a existência do fenômeno, nós não entramos num caminho resolutivo esperado. Na verdade, quanto mais somos bem informados a respeito do fenômeno UFO, mais absurdo, ilógico e repleto de incógnitas ele se apresenta. Mas há uma razão fundamental para que isso esteja ocorrendo? Sim, há uma... E, por sinal, uma razão extremamente fundamental: os dados obtidos até parecem corretos, mas são incrivelmente contraditórios. As descrições de tamanhos, formatos e comportamentos desses objetos e seus supostos tripulantes são tão diferentes, que nem sequer permitem uma classificação realmente adequada.
Mas porque isso ocorre? Para alguns o principal desencadeador dessa situação é o próprio fenômeno UFO, uma vez que ele não atua de forma transparente, numa clara opção pela clandestinidade nas suas atividades. E a hipótese mais aceita para explicar essa característica é que a inteligência por trás dos UFOs talvez busque não interferir o máximo possível em nossa civilização. No entanto, eu lanço uma pergunta: tomando como base essa premissa baseada no comportamento "arredio" dos UFOs, realmente não há interferência e influência do fenômeno em nossa sociedade?
Num primeiro momento, a despeito da teoria de "não influência", é óbvio que o fenômeno UFO causou um enorme impacto na humanidade a partir da segunda metade do século XX. Seu rastro é tamanho que foi assimilado poderosamente na nossa cultura, passando a fazer parte dos motivos artísticos, comunicativos e semânticos do homem atual. Em nossa sociedade capitalista, os UFOs e seus tripulantes foram transformados em mercadorias de consumo.
Um exemplo típico é um comercial de televisão sobre o consórcio de imóveis da empresa Porto Seguro. Nesse comercial, um casal está dentro de seu carro num lugar desértico a noite. Eles estam parados no meio da estrada porque há uma vaca obstruindo sua passagem. Incrivelmente, a vaca se revela ser Elvis Presley disfarçado – o eterno jogo de atribuir ao fenômeno sua origem no reino da fantasia, do absurdo e do improvável. Subitamente um disco voador surge no céu lançando um cone de luz que faz Elvis levitar para a nave. Ele é capturado e o rapaz no carro questiona a mulher: "Nossa, você viu isso?". Ela responde: "É o apartamento que a gente queria" – ela não estava observando aquela cena insólita, mas um folheto com propaganda do consórcio da Porto Seguro. A mulher fecha com o comentário: "Se contar, ninguém acredita". Os profissionais de marketing foram diretos e claros: o plano de consórcio imobiliário da Porto Seguro é tão incrível e inacreditável quanto observar um disco voador abduzir Elvis. Os UFOs se transformaram em vendedores de consórcio de imóveis na nossa cultura moderna... Para ver o vídeo, gentilmente cedido pela NDU (Núcleo de Divulgação Ufólogica), presidido por Carlos Airton, clique no ícone abaixo:
A verdade é que a simples presença de uma luz suspeita no céu já deflagra um processo de interferência e influência. Numa entrevista para a televisão americana, Jacques Vallée chegou a afirmar: "O que mais impressiona nos encontros com UFO é que as testemunhas descrevem uma mudança fundamental das suas idéias sobre um grande número de problemas. Por exemplo, as noções sobre a vida e a morte. Geralmente as testemunhas sofrem uma comoção. A observação é tão impressionante para eles, que acabam pondo em questão tudo o que pensavam nas suas reflexões sobre a existência". Fica claro que a simples observação do fenômeno já produz enormes seqüelas nas pessoas envolvidas, o que nos leva inevitavelmente a constatação de que o fenômeno UFO produz, de forma efetiva, influências extremamente profundas em nosso mundo. Além disso, há estudos demonstrando a presença UFO na antiguidade em textos antigos e até nos desenhos primitivos das paredes e tetos de algumas cavernas pré-históricas. E isso é um indicador de que essa influência extraterrena pode estar acontecendo há muito tempo.
Tendo em vista todas essas considerações, é fácil perceber que a teoria de "não influência" é ineficaz, embora tão aceita, para justificar a falta de transparência nas atividades do fenômeno UFO. O fato é que qualquer especulação sobre o comportamento do fenômeno nada mais é do que uma "humanização terrestre" para os motivos de algo que não temos a menor idéia do que se trata e, conseqüentemente, não sabemos sequer se é cabível tal projeção. Mas enfim, se não temos condições de atingir respostas para questões básicas referentes aos aspectos primordiais do comportamento do fenômeno, como poderíamos chegar em alguma concepção minimamente aceitável para a pergunta lançada no início do presente artigo: o fenômeno UFO é hostil? Vejamos o que a casuística nos revela, começando com uma ocorrência clássica: o Caso Crixás. Ocorrido no dia 13 de agosto de 1967, na cidade de Crixás, Goiás, o caso Crixás envolveu o capataz Inácio de Souza e sua esposa.
Na ocasião, Inácio de Souza voltava para casa, na fazenda Santa Maria, cidade de Crixás, por volta das 16:00 horas. Ao chegar, foi calorosamente recebido por sua mulher do lado de fora. Ambos ainda não haviam percebido nada de anormal, até dirigirem o olhar para o pasto próximo da casa, que é cortado por uma pista de pouso de aviões. No fim da pista de pouso havia um estranho objeto que foi descrito por Inácio como sendo uma bacia invertida. Mas, num primeiro momento, Inácio e sua esposa realmente não deram muita atenção. O fato é que o proprietário da fazenda, o senhor Ibiracy de Moraes, era um fazendeiro realmente rico e poderia estar testando algum tipo de veículo novo para o Exército brasileiro – o que, se fosse o caso, não seria a primeira vez. Só para se ter uma idéia, entre os cargos que o senhor Ibiracy de Moraes já ocupou está a presidência do Banco do Brasil. Mas logo o casal percebeu que algo estranho estava acontecendo.
Mesmo estando a uma distância razoável, o casal percebeu que havia "três crianças" aparentemente nuas em volta do objeto. Isso teria indignado Inácio que classificava tal ato como uma afronta para a sua esposa. Inácio passou a caminhar diretamente na direção daquelas "crianças". Mas, ao se aproximar um pouco mais, levou um susto: não estavam nuas, mas sim vestidas com uma roupa inteiriça colada no corpo e de cor amarela. Todas eram calvas e tinham uma aparência bastante incomum. Só que naquele momento as criaturas também perceberam o casal e um deles apontou diretamente para Inácio e sua esposa. Imediatamente, os três seres começaram a correr em suas direções, ficando claro que iriam abordá-los.
Quase que como uma ação reflexiva movida pelo terror, Inácio pegou sua espingarda, que sempre carregava no ombro, e se posicionou para disparar, mirando diretamente para a testa de uma das criaturas. Em seguida pediu para a sua mulher entrar correndo em casa e se trancar. Inácio dispara e acerta em cheio a cabeça de um dos seres que, segundo sua estimativa, deveria estar a um pouco mais de sessenta metros de distância. Inácio era conhecido na região por ser um atirador exímio. Ele acertava qualquer coisa com extrema precisão a uma distancia de até cem metros. O próprio proprietário da fazenda, o Sr. Ibiracy de Moraes, comentou que Inácio acertava uma pomba em pleno vôo a várias dezenas de metros de distância. No momento que Inácio atirou, o ser atingido caiu no chão. E naquele mesmo instante, o UFO disparou um raio de luz verde que atingiu o agricultor no ombro esquerdo. Inácio caiu imediatamente desacordado.
Desesperada com a cena do marido caído no chão, a esposa de Inácio, que acompanhava tudo pela janela da cozinha, saiu da casa correndo na direção do marido desmaiado. Ela pegou a arma e se colocou na frente de Inácio, para protegê-lo. Imediatamente apontou a arma na direção dos alienígenas. No entanto os seres haviam parado e pegado o que tinha sido atingido por Inácio, sendo que eles já estavam entrando no disco carregando o ser baleado. Logo em seguida, o disco começou a emitir um forte zumbido e ganhar altura lentamente em sentido vertical.
Inácio foi levado às pressas para o hospital. Ele passou a apresentar náuseas, formigamento e adormecimento por todo o corpo. Suas mãos sempre estavam trêmulas. Infelizmente, no dia 11 de outubro de 1967, cerca de cinqüenta e nove dias depois do incidente, Inácio veio a falecer. Ele tinha 41 anos e era pai de cinco filhos. No ombro esquerdo onde ele foi atingido tinha ficado uma espécie de mancha. Esta mancha evoluiu e acabou por se espalhar por todo o seu braço esquerdo e pescoço. No atestado de óbito, o médico colocou como causa da morte leucemia. Por recomendação do próprio Inácio ainda em vida, a sua esposa queimou todas as coisas dele após a sua morte, incluindo o colchão onde dormiam.
É interessante notar que nesse caso houve uma clara situação de confronto. No entanto, é difícil afirmar que se trate de uma hostilidade extraterrestre gratuita. Fica patente nesse caso que o raio que atingiu Inácio no ombro pode ter sido uma resposta imediata ao comportamento hostil de Inácio que, num primeiro momento, baleou uma das criaturas. Se por um lado é complicado tentar analisar o comportamento extraterrestre, por outro lado temos uma característica humana facilmente detectável: a nossa xenofobia.
Numa analogia rápida à questão, os primeiros contatos dos irmãos Villas Boas com os índios xavantes foi drástico e complicado, pois os xavantes atacaram o seu avião – um UFO para eles – com flechas, conforme foi fotografado e documentado na época. Infelizmente percebemos que o homem, independentemente de ser mais ou menos civilizado, tem uma tendência inata de atacar o desconhecido, pois teme tudo o que não compreende. Não é a toa que filmes como "Signs", "Independece Day" e "Alien – O Oitavo passageiro" proporcionam grandes bilheterias, pois atingem nossas causas emotivas básicas, como o medo do desconhecido. E essa característica pode ser um desencadeador de confrontos com o fenômeno.
A situação de agressão do caso Crixás também nos leva a uma outra constatação: os extraterrestres parecem não hesitar em responder com hostilidade quando são atacados. Grande parte da casuística ufológica demonstra que o fenômeno é esquivo, evitando um maior contato. Mas em algumas situações extremas, parecem realmente dispostos a responder uma agressão de forma também violenta. Um outro exemplo que reforça essa característica é o caso envolvendo o senhor Daildo de Oliveira, no dia 23 de julho de 1968, quando era funcionário da Companhia Elétrica do Estado de São Paulo, na sub-estação da cidade de Bauru.
Ocupando o cargo de vigia, seu horário noturno correspondia entre as 19:00 e 07:00 horas do dia seguinte. Por volta da 01:00 hora da madrugada, depois de marcar o relógio de controle no escritório técnico, Daildo resolveu dar uma volta ao redor da oficina e acabou por perceber um vulto ou uma sombra, que estava um pouco visível devido à precária iluminação pelas lâmpadas da vizinhança. Imediatamente, Daildo se abaixou para tentar observar melhor o vulto sem que este consiga vê-lo.
Naquele instante, Daildo percebeu um ligeiro ruído que parecia vir do lado do escritório. Ao virar-se para aquela direção, percebeu que havia um outro homem em uma das janelas, ao lado da porta. Este segundo homem foi melhor visualizado e Daildo pôde reparar que ele estava vestindo calça e camisa compridas e escuras. Raciocinando rapidamente, Daildo formou um plano para interceptar os invasores: entrou na oficina e pegou um conduíte que media um pouco mais que meio metro. Logo em seguida, Daildo começou a se dirigir para o vulto da janela que parecia estar de costas para ele, olhando em direção de dentro do escritório. Mas, acima de tudo, tomando o máximo de cuidado para não fazer qualquer barulho que viesse acusar a sua aproximação.
Reinaldo Stabolito é ufólogo e Coordenador Geral do INFA
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