Air France decide trocar sensor
de velocidade dos jatos
Um memorando enviado nesta sexta-feira pela Air France aos seus pilotos informou que a empresa aérea está substituindo os sensores de velocidade de todos os seus jatos da Airbus de média e longa autonomia de voo e terminará o trabalho "nas próximas semanas".A companhia não quis comentar o memorando, justificando que o documento é apenas para os pilotos.
Já a Airbus disse que o assunto faz parte da investigação sobre o desaparecimento do Airbus 330 que fazia o voo 447 de Rio à Paris com 228 pessoas a bordo, no domingo.
O Escritório de Investigações e Análises para a Segurança Civil (BEA, na sigla em francês), que concentra as investigações francesas sobre o acidente, disse que responderá todas as questões em entrevista coletiva neste sábado.
Velocidade errada
Uma das possibilidade levantadas pelo BEA para explicar o desaparecimento é a de que a aeronave poderia estar viajando em "velocidade errada". Pilotos ouvidos pela reportagem do Último Segundo disseram que, durante turbulências, é, sim, necessário reduzir a velocidade. No entanto, alertaram para o limite desta redução e afirmaram que entrar no núcleo de uma turbulência pode ser fatal e provocar, inclusive, a explosão da aeronave.
O comandante Norberto de Assis Filho, que é piloto e foi da Força Aérea Brasileira, explica que "cada tipo de avião tem, em suas tabelas, a velocidade certa de penetração em turbulência, que sempre é mais baixa que a de "cruzeiro" (sem turbulência)”. Mas ele explica que há um limite. "Depois de certo ponto, o avião simplesmente não se matém do ar. Precisa de um mínimo de velocidade".
Ele explica que, quando um piloto está prestes a cruzar uma área de instabilidade, normalmente faz um desvio. Mas, “quando a área de turbulência é uma linha muito extensa e não dá para contornar, o piloto escolhe o melhor ponto e, no piloto manual, atravessa com velocidade reduzida”.
O ex-piloto e professor da escola de aviação de São José dos Campos, Mario Reno, explica que, enfrentar turbulências é uma atividade rotineira da aviação civil, mas, explica que atravessar o núcleo de formação de chuvas "pode ser fatal". "Se o avião estiver a 800 km/h e bater com uma pedra de gelo a 100km/h, trata-se de um impacto de 900 km/h".
Para ele, alguma parte do Airbus pode ter se rompido e, com isso, sofrido um problema de despressurizarão que teria causado o rompimento da fuselagem. "Trataria-se de uma explosão. A variação de pressões destroçaria o avião". Essa é a hipótese que melhor explicaria o provável acidente com o Airbus A330 da Air France para Mario Reno. "Não acredito em ataque terrorista e acredito que não houve queda livre".
O que gerou a desconfiança do piloto é o fato de o avião ter optado por entrar em uma zona de turbulência. "Está muito confusa a história deste vôo. Ele teria que ter subido para 37 mil pés de altitude para fugir do núcleo da turbulência, mas parece ter ficado no nível 35. No núcleo, ele não pode entrar sem pedir permissão para a central. A varredura identifica o núcleo, que ele tem que evitar. Mesmo assim, o piloto parece ter entrado no núcleo de formação de chuvas”.
Nesta sexta-feira, a fabricante de aviões Airbus informou hoje que enviou um comunicado a pilotos pelo mundo, lembrando-os o que deve ser feito quando os indicadores de velocidade mostram dados conflitantes. O alerta foi feito após o Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) afirmar que as mensagens automáticas transmitidas pelo Airbus A330 da Air France mostravam "inconsistências entre as várias velocidades medidas".
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