segunda-feira, 8 de junho de 2009

SOBRE TUBARÕES


Nota à Imprensa
Esclarecimentos sobre o Eventual Envolvimento dos Tubarões no Acidente
do Voo AF 447



Por Marcelo Szpilman*




Como já se começa a cogitar a participação dos tubarões na alegada

incapacidade de achar os corpos das vítimas do acidente aéreo do voo
Rio-Paris, da Air France, quando o Ministro da Defesa, referindo-se à
presença de tubarões na área onde foram avistados os destroços,
declara que “devemos lembrar que estamos na costa de Pernambuco e todo
mundo sabe o que estou dizendo”, é preciso esclarecer alguns pontos
importantes sobre o tema.



Mesmo estando próxima ao arquipélago de São Pedro e São Paulo a área

onde foram encontrados os destroços situa-se no meio do oceano, região
onde há a ocorrência de espécies de tubarão extritamente oceânicos.
Significa dizer que nada tem a ver com as espécies costeiras que
habitam o litoral de Pernambuco, notadamente o tubarão cabeça-chata,
implicado nos raros acidentes que lá ocorrem, uma espécie
territorialista de águas litorâneas que raramente se aventura em águas
mais afastadas da costa.



A área em questão é rota eventual de duas espécies de tubarões

oceânicos, o galha-branca-oceânico e o tubarão-azul, que são e devem
ser animais muito oportunistas. E explico o porquê. Todas as espécies
oceânicas vivem em uma região que é considerada um "deserto de vida
marinha", ou seja, onde não há alimento fácil e disponível. Para
sobreviver nesse ambiente, esses animais precisam ser naturalmente
mais agressivos e investigar qualquer sinal de oportunidade de
alimentação. Com seus excelentes sentidos de sensibilidade às
vibrações e de olfato, percebem as alterações na movimentação e na
composição química da água a quilômetros de distância e conseguem
chegar à fonte de emissão desses sinais.



No caso do trágico acidente do Voo AF 447, o impacto da aeronave e a

grande quantidade de material orgânico disperso na água seriam sinais
mais do que suficientes para atrair a atenção dos tubarões para a
região. No entanto, como indicam as buscas, não há qualquer sinal de
sobreviventes e os corpos das vítimas devem ter afundado junto com o
avião. É evidente que, no caso remoto de alguns cadáveres retornarem à
superfície dias após o acidente, em áreas possivelmente muito
distantes do local do acidente, devido às fortes correntes marinhas
nas grandes profundidades, os tubarões e outros seres marinhos poderão
alimentar-se dos mesmos, como um fato da natureza.



Na época da 2ª Guerra Mundial, quando houve centenas de naufrágios de

navios torpedeados e quedas de aeronaves abatidas em alto-mar, o
galha-branca oceânico e o tubarão-azul eram sempre os primeiros a
chegar ao local do evento. Apesar dessas duas espécies não terem o
hábito de atacar os seres humanos, nessas ocasiões, quando há grande
quantidade de sangue na água, pode estabelecer-se um frenesi alimentar
e ocorrer ataques aos feridos.



As ilustrações dessas duas espécies e informações sobre o acidente

podem ser vistas na matéria publicada no site do G1. Acesse o link
abaixo.

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1181323-5602,00-LOCAL+DE+BUSCAS+DO+VOO+TEM+TUBAROES+ESPECIALISTAS+EM+NAUFRAGIO+DIZ+BIOLOGO.html




Projeto Tubarões no Brasil


Instituto Ecológico Aqualung

Rua do Russel, 300 / 401, Glória, Rio de Janeiro, RJ. 22210-010
Tels: (21) 2558-3428 ou 2558-3429 ou 2556-5030
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*Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com

Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é
autor dos livros GUIA AQUALUNG DE PEIXES, AQUALUNG GUIDE TO FISHES,
SERES MARINHOS PERIGOSOS, PEIXES MARINHOS DO BRASIL, e TUBARÕES NO
BRASIL, e de várias matérias e artigos sobre a natureza, ecologia,
evolução e fauna marinha publicados nos últimos anos em diversas
revistas e jornais e no Informativo do Instituto. Atualmente, Marcelo
Szpilman é diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Editor e Redator
do Informativo do citado Instituto, diretor do Projeto Tubarões no
Brasil (PROTUBA) e membro da Comissão Científica Nacional (COCIEN) da
Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS).


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