Quase uma semana após o desaparecimento do voo 447 da Air France, que decolou do Rio rumo a Paris na noite de 31 de maio, ainda existe um mistério sobre o que poderia ter acontecido com o avião que levava 228 pessoas. A divulgação de informações por parte dos governos brasileiro e francês também é repleta de reviravoltas. Acompanhe abaixo a cronologia dos fatos que envolvem o acidente.
31/05
19h03 - O voo 447 da Air France decola do Rio de Janeiro com destino a Paris. A aeronave, um Airbus A330-200, levava 12 tripulantes e 216 passageiros e deveria pousar no aeroporto Charles De Gaulle por volta de 11h10 (horário local).
22h33 - O piloto faz o último contato com o Cindacta 3, em Recife. O avião está a 565 km de Natal, no Rio Grande do Norte (posição INTOL) e está prestes a sair do campo de alcance de radar. O piloto informa que entraria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal, a 1.228 km de Natal (posição TASIL), por volta de 23h20.
22h48 - A aeronave sai da cobertura do Cindacta 3, na altura de Fernando de Noronha. As informações indicam que a aeronave voa normalmente a 35.000 pés (11 km) de altitude e a uma velocidade de 453 KT (840 km/h).
23h - A aeronave atravessa uma zona de tempestade com fortes turbulências.
23h10 - O computador de bordo do avião envia a primeira mensagem automática indicando que o piloto automático foi desconectado. Outra mensagem informa que o sistema de comando por computador das superfícies móveis do A330 passou para o regime "alternative law". Isso significa que um regime de potência elétrica foi acionado automaticamente pelo avião por haver múltiplas falhas nos provedores de eletricidade. Um alarme é ligado.
Reprodução |
Airbus da Air France |
23h12 - Chegam mensagens automáticas de falhas em dois equipamentos fundamentais: "Adiru" e "Isis". Eles auxiliam com dados sobre velocidade, altitude e direção.
23h13 - Alertas indicam falhas elétricas nos sistemas PRIM1 e SEC1, que auxiliam o computador principal e o comando os spoilers, partes móveis das asas que mantém a estabilidade da aeronave e auxiliam na subida e descida. Há equipamentos que podem suprir essa falha no Airbus, mas aparentemente eles não funcionaram.
23h14 - A equipe recebe a última mensagem indicando perda de pressurização na cabine, ou seja, entrada de ar do exterior no avião.
23h20 - O avião não efetua o contato rádio previsto com o Cindacta 3. A informação é repassada ao controle de Dakar, que inicia a busca por rádio da aeronave.
01/06
2h30 - O Salvaero de Recife aciona a Força Aérea Brasileira. Uma aeronave C-130 Hércules, um P-95 Bandeirante de patrulha marítima e o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento dão início às buscas do Airbus.
8h30 - A Air France informa ao Cindacta 3, que a aproximadamente 100 km da posição TASIL, o voo AFR 447 enviou uma mensagem para a companhia alertando para problemas técnicos na aeronave (perda de pressurização e falha no sistema elétrico).
Divulgação |
FAB procura destroços do Airbus |
À tarde, as buscas se intensificam. A Aeronáutica desloca mais aeronaves para Natal e Fernando de Noronha: três Hercules (C-130), um helicóptero Blackhawk (H-60), um Bandeirante SR (SC-95), uma aeronave Amazonas (SC-105) de busca e resgate, outro Super Puma (H-34). A Marinha envia o navio patrulha Grajaú, a Fragata "Constituição" e a Corveta "Caboclo".
02/06
A Aeronáutica informa que uma aeronave da TAM comunicou ter vistos "pontos luminosos" sobre o mar na rota inversa do voo AFR 447, ainda no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.
No entanto, o navio mercante Douce France realiza busca na área informada pelo avião da TAM, sem identificar qualquer vestígio do voo 447.
Por volta de 9h20, a Aeronáutica informa que a aeronave R-99 6751, que utiliza radares, identificou, por volta de 1h, no radar materiais metálicos e não metálicos flutuando no oceano. As posições dos objetos foram marcadas por coordenadas geográficas.
A busca é replanejada e concentrada a aproximadamente 650 km a nordeste de Fernando de Noronha-PE.
A aeronáutica comunica que a tripulação do Hércules C-130 avistou, por volta de 6h49, materiais em dois pontos distantes cerca de 60 quilômetros. Dentre eles, uma poltrona de avião, pequenos pedaços brancos, uma bóia laranja, um tambor, além de vestígios de óleo e querosene.
Às 12h20, a cerca de 700 km a nordeste de Fernando de Noronha, são localizados mais destroços (peças brancas e fiação) e manchas de óleo dispersas em linha por cerca de 5 km.
Divulgação |
FAB procura destroços de Aribus A330 |
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirma que os destroços visualizados pelas equipes da Aeronáutica são da aeronave da Air France. "Não há a menor dúvida que os destroços são do avião da Air France", afirma.
03/06
Uma aeronave R-99 identifica, às 3h40 (horário de Brasília), mais quatro pontos de destroços, a 90 km ao sul da região inicialmente coberta pelas aeronaves da FAB. Há vários objetos espalhados numa área circular de 5 km de raio; um objeto de 7m de diâmetro; dez objetos, sendo alguns metálicos; e outra mancha de óleo com extensão de 20 km.
A revista "Time" divulga reportagem revelando que um avião A330 da companhia australiana Qantas fez um mergulho que durou 20 segundos. O incidente ocorreu em outubro do ano passado. Após a terceira hora de voo, o piloto automático da aeronave sofreu uma pane e fez com que o avião mergulhasse abruptamente. O piloto conseguiu retomar o controle da aeronave e fez um pouso de emergência. Mais de 100 pessoas ficaram feridas. Naquele dia, o tempo estava bom.
A Air France informa ter recebido uma ameaça de bomba no último dia 27 de um voo que seguia de Buenos Aires para Paris. Após checagem, descobriu-se que era um falso e o avião pode seguir seu destino.
Os aviões militares completam uma área de cobertura equivalente a
176.984,37 km², o que corresponde a cerca de duas vezes o estado de Pernambuco. Os militares continuam a informar terem avistados destroços.
Só neste dia chegam às áreas dois navios da Marinha: o Grajaú e o Caboclo.
Nelson Jobim afirma que a existência de manchas de óleo no oceano deixadas pelo avião da Air France pode descartar a possibilidade de explosão da aeronave.
04/06
O BEA afirma que o avião estava em perfeitas condições técnicas antes de decolar.
A Aeronáutica volta a comunicar ter visualizado mais destroços. A tripulação do R-99 identificou novos pontos de destroços à sudoeste dos penedos de São Pedro e São Paulo.
O Comando da Aeronáutica informa que a Fragata Constituição resgatou por volta das 13h, um suporte utilizado para acomodação de cargas em aviões (Pallet), de aproximadamente 2,5 m2, e duas bóias.
No fim do dia, no entanto, a Aeronáutica informa que o suporte não pertencia ao voo AF 447 e que a mancha no mar não era querosene de aviação e sim óleo de navio.
05/06
O jornal Le Monde publica reportagem informando que o avião da Air France viajava a uma velocidade incorreta antes do acidente.
O jornal espanhol "El Mundo" também traz reportagem sobre o acidente informando que um piloto da companhia espanhola Air Comet, que fazia o trajeto Lima Madri, informou em relatório ter visto um "clarão forte e intenso de luz branca, em trajetória descendente e vertical" na mesma noite e rota em que o Airbus A330 desaparaeceu. Segundo o jornal, o co-piloto e uma passageira também teriam visto o clarão.
A Airbus envia às companhias que utilizam todos os tipos de aviões
Airbus, e não apenas o A330, um documento para lembrar das
recomendações que elas devem seguir quando ocorrer um caso de incoerência no registro de velocidades de voo como o que teria ocorrido com a aeronave do voo 447. Segundo o BEA, que autorizou a recomendação, é apenas uma precaução.
No comunicado, a Airbus confirma que o A330 enfrentava turbulências extremas, que enviou várias mensagens de falhas ao centro de manutenção da Air France e que havia uma incoerência das velocidades medidas pelos instrumentos da aeronave.
O ministro francês da Defesa, Hervé Morink, informa que a hipótese de um ataque terrorista não está descartada.
A companhia espanhola Iberia divulga que um de seus aviões que seguia a apenas 10 minutos de distância do voo 477 desviou seu trajeto para evitar a tempestade que pode ter causado a turbulência e a queda do Airbus da Air France. Avisado das circunstâncias meteorológicas que encontraria durante o vôo, o piloto solicitou mais combustível para fazer o desvio. Após o desvio, o piloto informou não registrar mais em seu radar o avião da Air France.
O tribunal de Paris abre uma investigação por "homicídio involuntário"
em relação ao desaparecimento do avião da Air France.
Entenda
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Fotos
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Submarino nuclear francês vai ajudar nas buscas a avião da Air France
05/06 - 17:17, atualizada às 18:13 05/06 - Redação com Reuters
O ministro da Defesa francês, Herve Morin, informou que um submarino nuclear francês equipado com sonar vai ajudar nas buscas pelo avião da Air France que caiu no oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo.
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