quinta-feira, 14 de maio de 2009

Domingo, 3 de Maio de 2009

Uma gripe "suína" com a cara da "aviária" para desentocar Tamiflu




Quem éstá gostando é a indústria de máscaras hospitalares

“Estou convencido de que este escândalo é mais uma montagem para favorecer a indústria farmacêutica. Matéria do GLOBO de domingo fala que a OMS está enviando 2,4 milhões de doses de Tamiflu para 72 países. Esse medicamento foi vendido para os governos de todo o mundo, inclusive o Brasil, por pressão dos EUA, para a falaciosa GRIPE AVIÁRIA. Ofereço-me, apesar de repórter aposentado, para ir ao México ou qualquer outro país para fazer matéria sem essas máscaras ridículas. Quem se interessa?”
E-mail que enviei neste domingo, dia 3 de maio aos jornais O GLOBO e FOLHA DE SÃO PAULO.

Tomei a iniciativa de me oferecer para ir ao México (sem máscara de espécie alguma) como uma forma incisiva de manifestar minha desconfiança diante de mais essa manipulação de encomeda, cuja gravidade joga para debaixo do tapete todas as outras preocupações, principalmente com essa crise parida na decadente nação imperial, onde as vestais do capitalismo põem o rabo entre as pernas e correm para as tetas do poder público, mesmo que isso implique numa “jurássica” estatização dos seus negócios.
E o fiz sabendo que posso ser visto, no mínimo, como um imprudente. Afinal, se há um tema delicado, que mete medo, esse é o que mexe com a nossa saúde. Tanto que a nossa mídia, quando começa a perder audiência ou leitores, apela para uma matéria sobre doenças, se possível, com o fantasma da pandemia.

Precipitei-me no assunto por conta de um e-mail repassado em espanhol, por um leitor sério, sobre uma estranha movimentação internacional, que começa com a reunião do G-7, o grupo dos donos do mundo, no dia 2 de abril, passa por uma declaração do FMI de ajuda a países emergentes e culmina com uma reunião privada entre o exausto presidente Barack Obamma e seu colega mexicano, Philip Calderon, nos dias 16 e 17 de abril.

Uma semana depois, no dia 23, o presidente do México convocou uma reunião de emergência e, à noite, seu ministro da Saúde, José Angel Córdova Villalobos anunciou cadeia nacional ocorrência do vírus da gripe, e medidas excepcionais, como a imediata suspensão das aulas em todos os níveis da Cidade e Estado do México e a paralisação de sua vida econômica.
Na segunda-feira, de 27 de abril, a empresa farmacêutica Sanofi Aventis anunciou um investimento de 100 milhões de euros em nova fábrica de vacinas, bem como o envio de 236.000 doses de fármacos doados para o México para apoiar o controle da até então chamada gripe suína.
O autor do e-mail observou ainda:
1. Por mais de dois anos, a indústria farmacêutica mundial vem tendo problemas financeiros devido ao declínio nas vendas.
2. O México é uma perfeita plataforma para o lançamento da doença. Daqui sairão turistas que vêm de diferentes partes do mundo. Surpreendentemente, os países que apresentam prováveis vitimas de pacientes que estavam no México, indicando que vão reforçar seus controles sanitários, são os países que compõem o G7.
3. O que aconteceu esta semana. Muito provavelmente a suspensão do atividades em todas as empresas na Cidade e Estado do México, e As aulas foram suspensas até 6 de maio de onde o governo faráuma análise e verá se a farsa que deverá continuar, ou fará declaração de que "graças às medidas tomadas em tempo e apoio da opinião pública foram capazes de controlar a doença ".

O tiro pela culatra

De fato, neste domingo, o governo mexicano já se deu conta da trapalhada em que se meteu. Ontem mesmo, os ministros da Agricultura do México, Estados Unidos e Canadá divulgaram patética declaração conjunta em que pedem pelo amor de Deus que a comunidade internacional não use “o surto de influenza A H1N1 como motivo para criar restrições comerciais desnecessárias e que as decisões que se tomem estejam baseadas em evidências científicas sólidas".

O ministro da Saúde, José Angel Córdova Villalobos, refez sua fala alarmista, garantindo que a epidemia de gripe suína já entrou em fase de declínio. Já a bela chanceler Patricia Espinosa criticou as medidas "discriminatórias e carentes de fundamento" adotadas por alguns países contra cidadãos mexicanos por medo de contágio da gripe suína.

A chanceler se mostrou "especialmente" preocupada pelo caso da China - que doou sábado ao México material e equipamento médico avaliado em US$ 4 milhões - por “isolar, sob condições inaceitáveis, uma família de cinco mexicanos que foram levados à força para um hospital” e, depois, impedidos de deixá-lo até que a embaixada do México na China interveio, permitindo que eles fossem transferidos para um hotel.

"Não há justificativa nenhuma para violentar os direitos de cidadão algum, nem para adotar medidas que não têm base científica nem de saúde pública", advertiu a ministra.
Ela também criticou a decisão da Colômbia de
se negar a sediar em Bogotá os jogos dos times mexicanos de futebol Chivas e San Luís pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América.

Já nos Estados Unidos, em meio a um certo pânico em 21 estados, o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, Richard Besser, também baixou a bola, ao afirmar que o vírus, que criou temores de uma pandemia global, pode acabar “tão perigoso” quanto uma gripe sazonal que circula todo o ano no mundo.

"Com a gripe sazonal, algo que nos atinge todos os anos, temos 36 mil mortes. Aqui, nós estamos vendo sinais encorajadores de que o vírus não parece mais severo do que um tipo que veríamos durante a gripe sazonal", disse Besser ao programa Fox News Sunday.
Os mexicanos mais informados estão indignados com a paralisação das atividades na cidade do México. Lamentam a ridícula corrida às farmácias para a compra de “cubrebocas”, cujos preços subiram de 2 para 7 pesos (20 reais), isso sem falar nas máscaras desenhadas, conforme o gosto do freguês.

Para desencalhar o Tamiflu

Mas com certeza, o móvel principal dessa montagem alarmista é desencalhar o Tamiflu, aquele medicamento que todos os países foram obrigados a comprar entre 2004 e 2007, por pressão do então secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, presidente do laboratório Gilead Aciences Inc, que comprou a patente do Tamiflu em 1996.
À base de anis estrelado, uma planta encontrada sobretudo na China, o medicamento passou a ser produzido pela Roche, num acordo com o laboratório de Rumsfeld. Sob a alegação de que a gripe aviária ia se espalhar pelo mundo com graves ameaças, os governos passaram a estocar o Tamiflu.

Como escrevi em 2007, As vendas do Tamiflu passaram de US$ 254 milhões, em 2004, para mais de US $ l bilhão, em 2005 e só não foram maiores porque o laboratório Roche não teve condições de produzir mais. Só o governo brasileiro destinou R$ 200 milhões para a compra do medicamento, que não teve a menor necessidade de usar. O produto pode ser encontrado em algumas farmácias a R$ 350,00 uma caixa com dez comprimidos.

Neste momento, a Organização Mundial da Saúde, a serviço dos piores interesses, decidiu recorrer ao fármaco encalhado para fazer frente à “epidemia” que deverá ter o mesmo destino e as mesmas consequências da Gripe Aviária, que, em 13 anos de existência não fez mais de 150 vítimas: esses números insignificantes não têm nada a ver com a fortuna gasta para favorecer laboratórios inescrupulosos.
Nesse marketing do medo estão envolvidos mais uma vez os mesmos interesses e os mesmos personagens da mentirosa pandemia aviária. E mais uma vez a população emocionalmente fragilizada servirá de bucha de canhão para um escândalo que, neste caso, além do favorecimento dos laboratórios, tem ainda como influente determinante a necessidade de abafar o noticiário sobre a crise que assola o mundo capitalista, ocidental e cristão.

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